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Técnico da ABNT e membro da ISO fala com exclusividade à Abrac

Na oportunidade, Jorge Cajazeira falou sobre a recente emenda da ISO que aborda mudanças climáticas

Em março de 2024, foi divulgada a Declaração de Londres da ISO (International Organization for Standardization), que representa um compromisso para integrar considerações sobre mudanças climáticas em suas normas e processos. Esse documento é uma resposta estratégica às crescentes preocupações globais com os impactos climáticos e busca garantir que todas as normas da ISO incluam avaliações de riscos e estratégias de mitigação e adaptação às mudanças climáticas. Além disso, a declaração promove práticas sustentáveis e a redução de emissões de gases de efeito estufa.

Para implementar esses compromissos, a ISO desenvolveu um Plano de Ação específico que abrange a revisão de normas existentes para incorporar considerações climáticas e a criação de novas normas que enfrentem diretamente os desafios das mudanças climáticas.

Para falar mais sobre o assunto, a Associação Brasileira de Avaliação da Conformidade (Abrac), conversou com Jorge Cajazeira, técnico de Relações Internacionais da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e membro do conselho da ISO.

Leia na íntegra:

Abrac – Qual é o objetivo principal da emenda da ISO relacionada a mudanças climáticas? 

Jorge Cajazeira – O objetivo principal da emenda da ISO é integrar considerações sobre mudanças climáticas nas normas de Sistemas de Gestão (MSS), garantindo que essas normas abordem os impactos das mudanças climáticas, incluam estratégias de mitigação e adaptação, e promovam práticas sustentáveis.

As normas de Sistemas de Gestão da ISO são amplamente adotadas em diversos setores para melhorar a eficiência, a eficácia e a sustentabilidade das organizações. Aqui estão algumas das principais normas MSS:

  • ISO 9001 – Sistema de Gestão da Qualidade

Define critérios para um sistema de gestão da qualidade e é baseada em vários princípios de gestão da qualidade, incluindo uma forte orientação ao cliente, a motivação e a implicação da alta direção, a abordagem de processo e a melhoria contínua.

  • ISO 14001 – Sistema de Gestão Ambiental

Especifica requisitos para um sistema de gestão ambiental que uma organização pode usar para aumentar seu desempenho ambiental. É destinada ao uso por uma organização que procura gerenciar suas responsabilidades ambientais de maneira sistemática.

  • ISO 45001 – Sistema de Gestão de Saúde e Segurança Ocupacional

Fornece um quadro para melhorar a segurança dos trabalhadores, reduzir os riscos no local de trabalho e criar melhores condições de trabalho.

  • ISO/IEC 27001 – Sistema de Gestão de Segurança da Informação

Especifica requisitos para estabelecer, implementar, manter e melhorar continuamente um sistema de gestão de segurança da informação no contexto dos riscos empresariais gerais da organização.

  • ISO 50001 – Sistema de Gestão de Energia

Fornece um quadro de requisitos para as organizações desenvolverem políticas para um uso mais eficiente da energia, estabelecendo metas e objetivos para cumprir com essas políticas, e usar dados para entender e tomar decisões sobre o uso da energia.

  • ISO 22000 – Sistema de Gestão da Segurança dos Alimentos

Define os requisitos para um sistema de gestão da segurança dos alimentos para garantir a segurança da cadeia alimentar global.

  • ISO 37001 – Sistema de Gestão Antissuborno

Especifica requisitos e fornece orientações para estabelecer, implementar, manter, revisar e melhorar um sistema de gestão antissuborno.

Essas normas fornecem estruturas que ajudam as organizações a gerenciar processos e a melhorar continuamente suas operações, com foco em diferentes aspectos como qualidade, ambiente, saúde e segurança, segurança da informação, energia, segurança dos alimentos, antissuborno e continuidade de negócios.

Abrac – Quais são as principais mudanças ou atualizações incluídas nesta emenda? 

Jorge Cajazeira – As principais mudanças ou atualizações incluídas nesta emenda são: a inclusão da necessidade de determinar se a mudança climática é uma questão relevante para a organização ao entender seu contexto (Seção 4.1) e a consideração de requisitos relacionados à mudança climática por parte das partes interessadas relevantes (Seção 4.2).

Abrac – Como essas mudanças impactam as normas existentes relacionadas a mudanças climáticas? 

Jorge Cajazeira – Essas mudanças impactam as normas existentes ao exigir que todas as normas de Sistemas de Gestão da ISO considerem os riscos e impactos das mudanças climáticas. Isso pode levar à revisão das normas existentes para incorporar estratégias de mitigação e adaptação às mudanças climáticas, além de promover a sustentabilidade.

Abrac – Qual é o processo para implementar essas mudanças nas normas brasileiras? 

Jorge Cajazeira – Para implementar essas mudanças nas normas brasileiras, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) deve: revisar as normas brasileiras existentes para alinhá-las com as atualizações da ISO; engajar as partes interessadas brasileiras, incluindo governos, indústrias e a sociedade civil, no processo de revisão e implementação; desenvolver e adotar novas normas que atendam aos requisitos de mudanças climáticas estabelecidos pela ISO.

 

Abrac – Quais são os benefícios esperados dessa emenda para as organizações e para o meio ambiente? 

Jorge Cajazeira – Os benefícios esperados dessa emenda incluem: maior resiliência das organizações aos impactos das mudanças climáticas; redução das emissões de gases de efeito estufa por meio da adoção de práticas e tecnologias sustentáveis; promoção da sustentabilidade e responsabilidade ambiental nas operações das organizações; melhor atendimento às expectativas e requisitos das partes interessadas em relação às questões climáticas.

Abrac – Como a ABNT está promovendo a conscientização sobre essa emenda e incentivando sua adoção? 

Jorge Cajazeira – A ABNT pode promover a conscientização e incentivar a adoção dessa emenda através de: campanhas de sensibilização e educação sobre a importância das mudanças climáticas e a necessidade de integrar essas considerações nas normas de gestão; workshops, seminários e treinamentos para capacitar a comunidade técnica e outras partes interessadas sobre as atualizações das normas; publicações e materiais informativos detalhando as mudanças e os benefícios esperados; engajamento contínuo com as partes interessadas para garantir uma abordagem colaborativa na implementação das novas normas.

Fonte: Assessoria de imprensa da Abrac.