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“Padronização é fundamental para a competitividade”, afirma presidente do Conselho Deliberativo da ABNT

Em entrevista à Abrac, Mario William Esper falou sobre o importante papel da entidade nos processos de certificação e normalização

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O presidente do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), Mario William Esper, concedeu entrevista exclusiva para a Associação Brasileira de Avaliação da Conformidade (Abrac) sobre a importância da entidade na avaliação da conformidade, nos processos de normalização e de certificação, área importantes relacionadas à atividade da entidade.

Mestre em Engenharia de Materiais pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), Esper desempenhou diferentes funções na própria ABNT, em mais de 40 anos dedicados à qualidade e normalização.

Leia a entrevista completa:

Abrac – Quais são os principais objetivos da Associação Brasileira de Normas Técnicas?

Mario William Esper – Primeiro a normalização. É o Fórum único de normalização no Brasil, credenciado pelo governo brasileiro. Segundo, a certificação. A ABNT é uma das cinco maiores certificadoras do Brasil. Também é responsável pela elaboração da normalização brasileira para práticas recomendadas. A ABNT também é forte nos cursos e treinamentos. Outro fator importantíssimo é que é a única entidade representativa do Brasil na normalização e na participação da normalização internacional, principalmente em ISO (International Organization for Standardization) e IEC (International Electrotechnical Commission) .

Abrac – Qual o papel da ABNT na avaliação da conformidade?

Mario William Esper – A ABNT é importante porque elabora as normas e também faz a certificação. Tem uma estrutura muito boa de cobertura nacional de certificação, contribuindo com o Brasil para a melhoria da competitividade, já que a certificação é um instrumento, uma ferramenta de competitividade e também de defesa do consumidor. Esse é um papel muito importante que a ABNT cumpre com sucesso.

Abrac – Qual é a relação da ABNT com o Inmetro?

Mario William Esper – É uma relação muito boa. Cada um na sua área. Veja que o Inmetro é uma entidade regulamentadora e a ABNT faz a normalização na área voluntária. Cada um tem seu papel muito bem definido. O Inmetro regulamentando e a ABNT elaborando norma na área voluntária. Hoje, há um entendimento muito bom entre Inmetro e ABNT, principalmente em função da nova proposta de regulamentações do governo brasileiro. No Brasil, existem muitos regulamentos que não são necessários, o que acarreta uma burocracia muito grande, já que quando você tem um regulamento, automaticamente exige-se a fiscalização. Então, hoje temos muitos regulamentos que não tem fiscalização, regulamentos antigos, das décadas de 1970 e 1980, que o governo, através do Inmetro, tenta revogar. O importante é que a proposta é de fazer uma avaliação de risco de um determinado assunto para saber se vai ser um regulamento ou uma norma técnica. Se for de alto risco, teria que ser o regulamento, que implica necessariamente em fiscalização. Se for de risco médio ou baixo, pode ser feito no âmbito voluntário da ABNT, e a certificação cobre essa questão da qualidade e segurança do consumidor.

Abrac – Qual a importância das empresas se padronizarem com certificação de gerenciamento e qualidade, como a ISO 9000?

Mario William Esper – A padronização é fundamental para a competitividade. Quando você tem um sistema de padronização, você ganha em logística, escala, e tem maior produtividade e melhor qualidade. A definição das regras é fundamental para um determinado produto ou serviço, e é importante que se tenha uma padronização. Com isso, você tem ganho de competitividade.

 Abrac – O que foi alteado no processo de normatização e regulamentação após a aprovação da Lei da Liberdade Econômica?

 Mario William Esper – A Lei 13.874, aprovada no final do ano passado, e regulamentada neste ano, diz o seguinte: se você tem no Brasil uma norma desatualizada, e uma outra considerada desatualizada segundo padrões internacionais da normalização, de três ou cinco anos, ou se não existir uma regra, a lei determina que você adote uma norma internacional. Devemos priorizar a participação na elaboração de normas internacionais, visto que em função da Lei de Liberdade Econômica, as normas internacionais podem ser internalizadas no Brasil. Hoje, de 25% a 28% das normas brasileiras já são internacionais, como a ABNT ISO. Isso tem um impacto importantíssimo na certificação. Veja que a ABNT tem auditores na China, em várias empresas chinesas que tem a certificação da ABNT para vir com os produtos e serviços para o Brasil. Isso aumenta a intensidade dessa transação tanto na normalização quanto na certificação internacional. É algo muito importante e o Brasil participa muito pouco na normalização internacional. A ABNT está se estruturando e já tem uma boa participação nos principais temas internacionais, como economia circular, biodiversidade, e outros assuntos importantíssimos que levam não só a uma normalização, mas também em certificação.

Fonte: Assessoria de Imprensa da Abrac