logo-abrac-210x50

“Nosso papel não se basta em certificar, mas sim em atuar como protagonista na segurança do consumidor, mercado e sociedade”

Na ocasião, Alexandre Xavier, vice-presidente de ESG da Abrac comentou sobre a ISO/IEC 42001- Sistema de Gestão de Inteligência Artificial

A Inteligência Artificial (IA) está transformando diversos setores da sociedade, tanto social quanto economicamente. Sua importância se estende por todas as áreas, incluindo, por exemplo, indústrias, medicina, educação e entretenimento.

Para normalizar a IA, a International Organization for Standardization (ISO) publicou o referencial ISO/IEC 42001 – Sistema de Gestão de Inteligência Artificial. Para discutir mais sobre o assunto, o vice-presidente de ESG da Associação Brasileira de Avaliação da Conformidade (Abrac), Alexandre Xavier, concedeu uma entrevista à entidade.

Leia na íntegra:

Abrac – Como avalia a importância da publicação da ISO/IEC 42001 – Sistema de Gestão de Inteligência Artificial?

Alexandre Xavier – A Transformação Digital é uma das principais macrotendências globais da atualidade, e a denominada Inteligência Artificial se insere nesse contexto. Posto isso, um sistema de infraestrutura da qualidade que apoie a sociedade nesse foco precisa ser desenvolvido, sendo o lançamento da ISO/IEC 42001, uma norma internacional para sistema de gestão para IA, uma novidade muito bem-vinda. Sua rapidez e pioneirismo merecem destaque também, pois são coerentes com a agilidade dos tempos atuais e a relevância que o tema tomou nos últimos meses. Ela orienta as organizações a gerirem os riscos e as oportunidades dessas tecnologias, equilibrando inovação com governança. Além disso, aumenta a confiança nas aplicações de IA apoiando seu uso responsável e a conformidade do ponto de vista legal.

Abrac – Quais são as expectativas do segmento de avaliação da conformidade com essa nova norma?

Alexandre Xavier – A avaliação da conformidade, como parte fundamental da infraestrutura da qualidade, pode, a partir dessa norma, ampliar serviços que garantam a qualidade, a segurança, a eficiência e a sustentabilidade das soluções baseadas em IA. Essa ampliação de possibilidades também apoiará o acompanhamento das mudanças, a transparência para stakeholders e as inovações que a IA traz para os mais diversos setores produtivos.

Abrac – A norma foi concebida para entidades que fornecem ou utilizam produtos ou serviços baseados em IA, de maneira a assegurar o desenvolvimento e utilização responsáveis de sistemas de inteligência artificial. Na sua atuação com o setor automotivo, como será a aplicação da ISO/IEC 42001?

Alexandre Xavier – O setor automotivo é globalmente reconhecido como referência em qualidade no Brasil e no mundo, muitas vezes sendo pioneiro na aplicação de novas tecnologias e uma inspiração para outros setores produtivos. As possibilidades que envolvem IA em veículos não fogem dessa regra e já são amplamente utilizadas na produção, desempenho, segurança, conectividade e experiência do cliente. Considerando ser uma norma aplicável a qualquer setor ou área que utilize soluções baseadas em IA, e a atenção que a cadeia automotiva reserva para tudo que envolve qualidade, a ampla aplicação de seus requisitos por suas empresas e profissionais será apenas uma questão de tempo.

Abrac – As certificadoras já podem iniciar a atuação com a ISO/IEC 42001 ou ainda é necessário algum tipo de treinamento? Se uma empresa, quiser ser certificada com a ISO/IEC 42001 já é possível? Se sim, como proceder?

Alexandre Xavier – Importante destacar que a ISO/IEC 42001 é uma norma muito recente, ainda não avaliada e utilizada de forma aprofundada e prática no mundo, o que deve ser visto com especial atenção dada a complexidade do tema. É uma norma certificável, mas ainda sem acreditação estruturada pela Coordenação Geral de Acreditação (CGCRE) do Inmetro, o que, acredito, deve ocorrer em breve devido à urgência do tema e para propiciar plena e segura atuação dos organismos de certificação.

Vale ressaltar também a necessidade de qualificação e especialização dos profissionais envolvidos em qualquer etapa na avaliação da conformidade envolvendo novas tecnologias. Isso sempre foi essencial, mas é ainda mais acentuado quando tratamos de assuntos relacionados a macrotendências atuais, como a transformação digital.

Com essas condições essenciais obedecidas, as certificadoras (e todos os outros que suportam a infraestrutura da qualidade) poderão apoiar de forma fundamental a sociedade na utilização segura das possibilidades em IA, assim como das inovações relacionadas.

Abrac – Gostaria de acrescentar mais alguma informação?

Alexandre Xavier – A lógica PDCA no estabelecimento de requisitos e na gestão do sistema para IA aproxima ainda mais a norma do dia-a-dia da qualidade, outro ponto muito positivo desse lançamento. Considerando também a abrangência de impacto que os recursos IA envolvem, sobre os quais particularmente considero vão muito além da tecnologia (questões humanas, sociais, neurológicas…), é importante encerrar reforçando o compromisso e responsabilidade que os organismos de avaliação da conformidade precisam ter para atuar nesse sentido, afinal, nosso papel não se basta em certificar, mas sim em atuar como protagonista na segurança do consumidor, mercado e sociedade.

Fonte: Assessoria de imprensa da Abrac.