Em entrevista à Abrac, superintendente do Centro Cerâmico do Brasil comentou sobre a revisão de normas de produtos cerâmicos
O Centro Cerâmico do Brasil (CCB), criado em 1993, é uma entidade que reúne empresas associadas do setor cerâmico brasileiro, e que tem como objetivos desenvolver e implantar normas técnicas e certificar a qualidade dos produtos cerâmicos e dos sistemas de gestão (ISO 9000 e ISO 14000), bem como atuar como uma entidade tecnológica do setor da construção civil. Em entrevista exclusiva à Associação Brasileira de Avaliação da Conformidade (Abrac), Ana Paula Margarido, superintendente do CCB, falou sobre a doção integral das normas internacionais ISO 13006 e ISO 10545 pelo setor.
Ela também comenta sobre outro texto normativo que apresenta determinação do coeficiente de atrito, e sobre consulta nacional em relação à norma para pastilhas cerâmicas, que não são contempladas na ISO 13006.
Graduada em Engenharia de Materiais pela Universidade Federal de São Carlos, mestre em Ciência e Engenharia dos Materiais pela Universidade Federal de São Carlos (1997) e doutora em Tecnologia Nuclear pela Universidade de São Paulo (2001), Ana Margarido também é conselheira da Associação Brasileira de Avaliação da Conformidade (Abrac).
Leia a entrevista completa:
Abrac – Do que se trata a ISO 13006 e ISO 10545?
Ana Paula Margarido – A ISO 13006: Ceramic tiles — Definitions, classification, characteristics and marking é a norma internacional que traz as definições, classificação e os requisitos técnicos dos produtos placas cerâmicas para revestimento, incluindo porcelanatos. Já a ISO 10545 (Partes 1 a 16), é o conjunto de normas que descreve os métodos de ensaios para caracterizar as placas cerâmicas e porcelanatos.
Abrac – Quais as normas que você publicou e o que elas abordam?
Ana Paula Margarido – Foram publicadas 18 normas:
ABNT NBR 13006 – Placas cerâmicas — Definições, classificação, características e marcação
ABNT NBR ISO 10545-1, Placas cerâmicas – Parte 1: Amostragem e critérios para aceitação
ABNT NBR ISO 10545-2, Placas cerâmicas – Parte 2: Determinação das dimensões e qualidade superficial
ABNT NBR ISO 10545-3, Placas cerâmicas – Parte 3: Determinação da absorção de água, porosidade aparente, densidade relativa aparente e densidade aparente
ABNT NBR ISO 10545-4, Placas cerâmicas – Parte 4: Determinação da carga de ruptura e módulo de resistência à flexão
ABNT NBR ISO 10545-5, Placas cerâmicas – Parte 5: Determinação da resistência ao impacto pela medição do coeficiente de restituição
ABNT NBR ISO 10545-6, Placas cerâmicas – Parte 6: Determinação da resistência à abrasão profunda para placas não esmaltadas
ABNT NBR ISO 10545-7, Placas cerâmicas – Parte 7: Determinação da resistência à abrasão superficial para placas esmaltadas
ABNT NBR ISO 10545-8, Placas cerâmicas – Parte 8: Determinação da expansão térmica linear
ABNT NBR ISO 10545-9, Placas cerâmicas – Parte 9: Determinação da resistência ao choque térmico
ABNT NBR ISO 10545-10, Placas cerâmicas – Parte 10: Determinação da expansão por umidade
ABNT NBR ISO 10545-11, Placas cerâmicas – Parte 11: Determinação da resistência ao gretamento de placas esmaltadas
ABNT NBR ISO 10545-12, Placas cerâmicas – Parte 12: Determinação da resistência ao congelamento
ABNT NBR ISO 10545-13, Placas cerâmicas – Parte 13: Determinação da resistência química
ABNT NBR ISO 10545-14, Placas cerâmicas – Parte 14: Determinação da resistência ao manchamento
ABNT NBR ISO 10545-15, Placas cerâmicas – Parte 15: Determinação de cádmio e chumbo presentes nas placas cerâmicas esmaltadas
ABNT NBR ISO 10545-16, Placas cerâmicas – Parte 16: Determinação de pequenas diferenças de cor
ABNT NBR 16919:2020 – Placas cerâmicas – Determinação do coeficiente de atrito (tivemos que elaborar esta norma porque nas normas internacionais ISO não existe método de ensaios para avaliar resistência ao escorregamento)
Está em consulta nacional a norma: Projeto ABNT NBR 16928 Pastilhas cerâmicas – Classificação, características e marcação (tivemos que elaborar esta norma porque a ISO 13006 não contempla requisitos para pastilhas cerâmicas).
Abrac – O que a motivou a revisar essas normas e a publicá-las?
Ana Paula Margarido – O segmento de placas cerâmicas para revestimento é muito forte no Brasil, sendo o terceiro maior produtor e consumidor mundial. Só a China e a Índia ultrapassam o Brasil em produção. Os parques fabris são modernos, e no Brasil predomina o processo de fabricação por moagem a seco (representa 70% da produção nacional), o qual é considerado bastante sustentável. Com o processo da pandemia, as empresas brasileiras passaram a exportar parte de sua produção, o que gerou a necessidade de adoção, na íntegra, de normas internacionais, de forma a atender a demanda dos países importadores.
Abrac – Quais são os próximos passos nesse segmento?
Ana Paula Margarido – O Brasil é muito atuante junto ao Comitê Técnico ISO/TC 189 – Ceramic Tiles. Estamos participando e contribuindo tecnicamente para as revisões das normas internacionais e para a confecção de novas normas prevendo peças de grandes formatos e também de baixa espessura. Também estamos avaliando a possibilidade de confecção de uma norma para especificação de placas cerâmicas conforme local de uso, solicitação essa do mercado consumidor (principalmente projetistas e construtoras).
Fonte: Assessoria de Imprensa da Abrac