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Abrac participa de três painéis no penúltimo dia do ENOAC

 

Nessa quarta-feira (08.06), a Associação Brasileira de Avaliação da Conformidade (Abrac) participou de três painéis no XIII Encontro de Organismos de Avaliação da Conformidade (ENOAC). Os temas abordados foram Modelo Regulatório do Inmetro, retomada das atividades presenciais para os Organismos de Avaliação da Conformidade, além de uma apresentação institucional da entidade.

Na oportunidade, o vice-presidente de Laboratórios, Israel Teixeira; o vice-presidente de Produtos, Marco Roque; a assessora da superintendência, Cleriane Lopes, o conselheiro, Paulo Bertolini; e o gerente de certificação da Abendi (associada à Abrac), João Rufino Teles, representaram a Associação.

Modelo Regulatório do Inmetro – Expectativas das partes interessadas

 

O painel foi moderado pelo diretor da Sextante Consultoria, Alexandre Garrido que iniciou os trabalhos destacando a importância do debate sobre o Modelo Regulatório do Inmetro. “É uma mudança que vai trazer vários impactos nos próximos anos. Está previsto para acontecer de maneira gradual em cinco anos, e que irá trazer uma série de impactos e a gente precisa debater e refletir sobre essa questão”, iniciou.

Na sequência, a palavra foi passada ao vice-presidente de Laboratórios da Abrac, Israel Teixeira que destacou a importância da entidade participar do painel. “Como há na Abrac Organismos de Certificação de Produtos e Laboratórios, vamos operar esse novo ambiente com esse Modelo Regulatório do Inmetro”, comentou.

O vice-presidente de Laboratórios destacou a participação da entidade na construção do Modelo. “A participação de organismos, fabricantes, importadores, e associações, torna o Modelo robusto. De um lado você tem a parte de inteligência, todo esse arcabouço legal que nós temos que atender, uma Lei de Liberdade Econômica e do outro lado nós temos quem efetivamente se utiliza do Modelo Regulatório, que são fabricantes, importadores e nós como certificadores e organismos acreditados, que operamos esse negócio todo”, acrescentou.

Segundo ele, a expectativa da Abrac diante do que está definido no projeto é que este está alinhado aos desafios do mercado, principalmente nas questões de inovação, além de uma desburocratização e desoneração aos players e fabricantes.

“As expectativas não só dos Organismos de Avaliação da Conformidade, mas também dos fabricantes e players, é uma forte vigilância de mercado. Tema importante para ser trabalhado porque há desdobramentos, quando tivermos formação do comitê podemos avançar nisso”, declarou.

Além disso, o vice-presidente de laboratórios destacou que a Associação vê um amplo espaço para avanços das certificações voluntárias, pois muitos players entendem como um diferencial.

“Durante a fase da consulta e contribuições, nós desenvolvemos muito o conceito de análises de riscos, não que já não fizesse parte, porém acho que avançamos muito e tenho certeza que em breve teremos o desenvolvimento de uma metodologia para análises de riscos, inclusive com componentes estatísticos”, acrescentou.

Para ele, o Modelo Regulatório envolve quatro temas essenciais, que são: alinhamento dos desafios de mercado, vigilância de mercado, certificações voluntárias e análises de riscos.

Na sequência, a palavra foi passada para o Gerente de Certificação de Produto da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), Sérgio Pacheco que parabenizou o Inmetro pela iniciativa do Modelo Regulatório e por ter ouvido todas as partes interessadas na construção do trabalho.

“Nós tivemos toda a situação de pandemia, temos um cenário extremamente desafiador e ainda bem que esse trabalho foi feito antes até de toda essa situação ocorrer. Já pensou se fossemos iniciar essa discussão agora? Por outro lado, vejo que esse modelo aponta para uma coexistência pacífica entre público e privado. Abrindo espaço para a iniciativa privada, seja associações, organismos de avaliação da conformidade, e etc. coexistindo com o poder público”, comentou Pacheco.

Representando a Diretoria de Avaliação da Conformidade (Dconf) do Inmetro, Leonardo Machado Rocha comentou que o Modelo Regulatório está na segunda etapa.  “Após a publicação em fevereiro, iniciou-se a segunda etapa, que tem como objetivo detalhar todas as premissas e estruturar todo o processo de governança. Estamos discutindo o arcabouço legal, regimento interno, o melhor detalhamento das premissas, gestão de risco, regulamentos por categorias/produtos/riscos, questão de identificação, e eventuais necessidades”, declarou Rocha.

Para finalizar o painel, Marcelo Luís Figueiredo Morais representou a Diretoria de Metrologia Legal (Dimel) do Inmetro, e destacou que o Modelo Regulatório possibilita uma série de ferramentas. “Ao longo dos últimos anos, a Dimel já vem buscando flexibilizar esse controle, e aumentar o uso de empresas privadas. Hoje muitas operações dos controles metrológicos, dos ensaios, estavam concentradas na própria Diretoria e chegou um momento que não tínhamos mais condições de atender essa demanda. Hoje a gente já consegue fazer a utilização de laboratórios acreditados da rede privada de entidades e agora vem buscando com base no Modelo Regulatório, na Lei de Liberdade Econômica, ampliar essa atuação dos entes privados para etapas além de pré-mercado”, discorreu Morais.

Palestra institucional da Abrac

 

Coube à assessora da superintendência da Abrac, Cleriane Lopes fazer a palestra institucional da entidade. Na oportunidade, a representante da Associação iniciou a sua fala explicando aos presentes quem é a Abrac.

“A Abrac foi fundada em 2009, e atua ativamente em defesa dos interesses dos Organismos de Inspeção, Certificação de Produtos, Sistemas, Pessoas e também laboratórios. É uma instituição sem fins lucrativos e possui um estatuto onde atua em defesa dos Organismos de Certificação e Laboratórios em consonância com os critérios da acreditação dos organismos acreditadores”, iniciou.

Durante a explanação, Cleriane passou uma mensagem aos presentes sobre as mudanças no dia a dia dos Organismos de Avaliação da Conformidade. “Verificando que existe Política de Infraestrutura da Qualidade, Modelo Regulatório, análises de impacto regulatório, o dia a dia dos organismos que estão envolvidos diretamente nessas atividades tem sido desafiador, porque estamos sendo convidados a pensar de maneira disruptiva e global”, comentou.

Segundo ela, as questões que envolvem as transformações digitais tiram as pessoas da zona de conforto e diariamente surpreendem com situações inovadoras.

“O que quero apresentar com essa minha fala? O Laboratório de Infraestrutura da Qualidade, que traz mudança e inovação. Temos a Abrac, ABNT e Inmetro em uma ação única e pioneira no País, que apresenta uma solução voltada diretamente a empresas que trabalham com tecnologia”, explicou.

A assessora da superintendência acrescentou que o Laboratório foi criado dentro da lógica da infraestrutura da qualidade, e que apoia as tecnologias para as cidades inteligentes. “O papel da Abrac é tornar disponível a informação de referência para todo e qualquer interessado, que queira desenvolver soluções tecnológicas”, finalizou.

Pós-Pandemia – A retomada das atividades presenciais para os Organismos de Avaliação da Conformidade

 

A terceira palestra foi mediada pelo chefe da Divisão de Acreditação de Organismos de Certificação, Mauricio Pericles Dias Pereira. “Nesse painel a gente tem representantes de organismos que vão compartilhar as experiências que tiveram durante a pandemia e também no pós-pandemia”, iniciou.

Os gerentes de sustentabilidade da KPMG, Danielle Moreira e Leonardo Costa iniciaram as apresentações, e destacaram as mudanças expressivas que a pandemia trouxe no comportamento das pessoas, como evolução e implementação do trabalho remoto a partir de março de 2020 e interrupções significativas nas operações nacionais e internacionais de viagens e negócios.

Ao listarem os impactos negativos na verificação, os gerentes destacaram a redução da disponibilidade para reuniões presenciais, redução da disponibilidade das empresas para realização de visitas técnicas, e menor engajamento percebido dos responsáveis pelos dados de entrada dos inventários.

Já os impactos positivos, Danielle e Costa listaram uma maior flexibilidade para agendamento de reuniões, otimização das horas dedicadas aos projetos, redução de custos atrelados a deslocamentos, e maior otimização da equipe.

Na sequência, o vice-presidente de Produtos da Abrac, Marco Roque iniciou a sua apresentação, onde abordou as auditorias de avaliação de fábricas remotas por Organismos de Certificação de Produtos (OCP).

“Eu também sou auditor. Nesses dois anos fiz mais de uma centena de auditorias remotas. Muito do que está na apresentação da ótica da Abrac também são experiências vividas. Recebi a missão de colocar a experiência positiva e negativa que vivenciamos e o que isso pode afetar a qualidade, credibilidade e o desenvolvimento dos serviços, especificamente os de auditoria”, iniciou Roque.

O vice-presidente de Produtos separou os prós da auditoria remota em quatro temas: documentação/preparação, logística/planejamento, etapas fabris e recursos adicionais.

Na questão da documentação/preparação, Roque ressaltou o recebimento de documentação antecipada, melhora do planejamento das auditorias, aumento da colaboração dos clientes com o envio de documentação, muito útil em fábricas que o auditor já conhece previamente de forma presencial.

Já na logística/planejamento há uma maior disponibilidade de datas em auditorias internacionais, evita a perda de tempo com viagens, elimina custo de viagem e permite a flexibilização do local em que o auditor está para realizar a auditoria.

Na questão das etapas fabris, os prós estão nos ensaios funcionais disponibilizados em câmeras; ensaios de rotina visualizados através das ferramentas de comunicação; verificação de componentes no recebimento e no controle de qualidade é efetiva; verificação de selos, armazenagem e expedição é funcional; coleta de amostras para ensaios é efetiva e pode ser feita separadamente da auditoria.  

Além disso, Roque acrescentou os recursos adicionais onde há possibilidade de gravação parcial ou total da auditoria, em que as principais imagens podem ser utilizadas como registro e as reclamações dos clientes são efetivas, pois na maioria das vezes encontra-se em prédios separados.

Já os contras, foram separados pelo vice-presidente de Produtos em três etapas: recursos tecnológicos, experiência do auditor e impactos físicos/práticos. No primeiro item, Roque destacou que nem toda a documentação está digitalizada, nem todas as áreas podem ser acessadas remotamente, documentação de produção está integrada em processos automatizados, muitos clientes não possuem recursos técnicos para auditoria remota, e a combinação de imagem e som não permite avaliar a fabricação em processos contínuos.

Sobre o tópico experiência do auditor, os contras apresentam-se em dificuldade de apreciação total do local, condições e equipamentos; auditor precisa ser experiente para não gerar conflito entre os auditados e requisitos subjetivos da avaliação, como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

No último item, Roque destacou os impactos físicos/práticos, que são: é mais cansativo para o auditor e auditados, necessariamente todos os auditados devem estar presentes na fábrica, não cria memória quando a auditoria inicial não é presencial. Além disso, o vice-presidente ressaltou a importância de criar um mecanismo para verificar se as auditorias realmente aconteceram.

“O melhor modelo para o futuro é o híbrido. Cabe ao Organismo de Certificação de Produto (OCP) avaliar quais partes dos processos devem ser feitas de forma remota e quais devem ser feitas em forma presencial”, comentou.

Coube ao conselheiro da Abrac, Paulo Bertolini prosseguir com a apresentação, onde iniciou com uma contextualização dos fatos. “Em março de 2020, na hora que tudo começou a colapsar, todo mundo foi pego de surpresa, ninguém tinha colocado na sua análise de risco a possibilidade de pandemia”, iniciou.

Segundo ele, uma parcela considerável dos Organismos de Avaliação da Conformidade (OACs) já tinham processos informatizados, mas alguns com parte no papel. Com a pandemia, houve a necessidade de tudo ser digitalizado. Além disso, havia a cultura dos Organismos de Avaliação da Conformidade de Sistema de Gestão ser realizado presencialmente.

“Veio uma busca incessante para estabilizar os processos, que estava sendo chamado de novo normal”, comentou.

Bertolini explicou que surgiram então três cenários assustadores no início da pandemia: cancelamento das certificações de novos clientes, adiamento de avaliações e certificações, e suspensão de investimento por parte das organizações.

Na sequência, o conselheiro apresentou o cenário atual, após esses três anos de pandemia: redução dos escritórios de entidades e organismos; evolução dos trabalhos em meio eletrônico; treinamento de equipes para o trabalho remoto; maior aceitação de trabalhos remotos; e critérios abertos com relação à manutenção de auditorias remotas.

Sobre a retomada junto aos organismos de acreditação, Bertolini ressaltou que uma boa parte ainda realiza as avaliações de forma remota, há a retomada das auditorias testemunhadas in loco e há indícios da utilização de modo híbrido constantemente.

Das lições aprendidas, o conselheiro destacou: valorização do ser humano; possibilidade de manter a utilização de parte da avaliação remota; a avaliação exclusivamente remota é prejudicial a avaliação de Sistemas de Gestão; criação de critérios objetivos para avaliações híbridas; implantação de técnicas não tradicionais de auditoria; processo de desenvolvimento de produtos/serviços mais eficiente; trabalho remoto/híbrido; assistência de reguladores e governos; investimento constante em TI; revisão de estratégias corporativas; entre outras.

Para finalizar o painel, o gerente de certificação da Abendi (associada à Abrac), João Rufino Teles abordou a realidade dos Organismos de Certificação de Pessoas. Segundo ele, os Comitês Setoriais de Certificação tiveram um grande aumento de participação online devido a pandemia. Em 2018, apenas 5% dos participantes eram online. Em 2020 o número aumentou para 90%, 2021 passou para 100% e agora em 2022 está em 95%.

Referente aos provedores de treinamento, Teles comentou que na parte teórica ocorreu um aumento na modalidade online; a plataforma EAD, que já existia, continuou sendo utilizada parcialmente; mas foi notado que a preferência dos alunos era pelo presencial. Já no treinamento prático ocorreu a redução de participantes.

Segundo o gerente de certificação, no processo de avaliação do candidato, principalmente na parte do exame prático foi realizada a adequação dos centros de exames, além da supervisão à distância. Já no exame teórico, dois modelos online estão em estudo e haverá posterior validação.

Sobre o ENOAC

A Coordenação Geral de Acreditação do Inmetro, com a finalidade de estabelecer uma maior interação de seu quadro funcional e direção com os representantes dos organismos de avaliação da conformidade acreditados e em fase de acreditação; apresentar resultados e ações empreendidas em 2021; e identificar melhorias a serem implementadas no processo de acreditação, promove o XIII Encontro de Organismos de Avaliação da Conformidade — ENOAC, nos dias 6, 7, 8 e 9 de junho de 2022.

Fonte: Assessoria de imprensa da Abrac