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“A certificação halal é um requisito primordial para as empresas que tem interesse na exportação para os países árabes”

Em entrevista à Abrac, Ali Saifi, CEO da Cdial Halal, fala sobre o mercado brasileiro da certificação halal, o panorama mundial deste produto e sua participação na Expo Dubai 2020, a maior feira mundial da área

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A Associação Brasileira de Avaliação da Conformidade (Abrac) entrevistou o CEO da Cdial Halal, Ali Saifi, para falar sobre a certificação halal, a participação da Organização na Expo Dubai 2020, entre outros temas.

Saifi é brasileiro, nascido em São Bernardo (SP) e graduado em Administração de Empresas pela Universidade Metodista. Além de ser CEO da Cdial Halal, é vice-presidente do Centro de Divulgação do Islam para América Latina (Cdial), vice-presidente da Câmara de Comércio Brasil Iraque; embaixador pela paz do European Muslim League (EML) e membro do International Muslim Minority Community (IMMC).

Associada à Abrac há um pouco mais de um ano, a Cdial Halal é uma das empresas com maior credibilidade no segmento de certificação halal do mundo. É a única no Brasil que recebeu certificações: ISO 9001:2015 (Sistema de Gestão da Qualidade) da ABS Quality Evalutions para certificar frigoríficos de aves e bovinos e produtos industrializados halal; ISO 14.001 (Gestão Ambiental) e OHSAS 18001 (Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional). Cresceu focada no seu negócio com atividades relacionadas ao abate de frangos, perus, patos e bovinos, incluindo também produtos industrializados.

“O Brasil vem ano após ano batendo recordes de produções no agronegócio, apesar de todas as crises que vem ocorrendo. O objetivo da Cdial Halal é preparar o setor brasileiro para agregar valor e escoar esta produção para o mercado internacional, que tem regras, mas também apresenta boas oportunidades”, explicou Saifi.

A Cdial Halal é uma das maiores e mais importantes certificadoras halal do Brasil, além de ser a única certificadora da América Latina acreditada pelos principais órgãos oficiais dos Emirados Árabes (EIAC) e do Golfo (GAC), o que confere seriedade e competência nos segmentos que atua.

Leia a entrevista na íntegra:

Abrac – O que é a certificação halal?

Ali Saifi – Como conhecimento, o conceito halal, que significa “lícito” ou “permitido”, é um sistema baseado em princípios e valores que beneficia a humanidade, respeitando padrões éticos, morais e religiosos. A certificação halal atesta a qualidade da produção, da confiabilidade, da rastreabilidade e do cumprimento dos requisitos de segurança em todo o seu processo. Quando emitimos o certificado, comprovamos que aquela determinada empresa é capaz de realizar os procedimentos de acordo com os princípios e valores religiosos e com as normas internacionais de segurança relacionadas ao seu setor de atuação. A certificação de conformidade de um processo halal abrange desde a matéria-prima utilizada na fabricação, todo o processo de produção, higienização, rastreabilidade, armazenagem e transporte e pode ser aplicada a qualquer categoria de empresa, como por exemplo: pecuária, agricultura, serviços de alimentação (hotéis e restaurantes), transporte, têxtil, indústria química e bioquímica, embalagens, cosméticos, produtos de origem animal perecível ou de longa vida, transporte e armazenagem, dentre outros. Para emitir esta certificação são utilizadas normativas nacionais e internacionais para garantir o processo de certificação. A certificação halal é um requisito primordial para as empresas que tem interesse na exportação, especialmente, para os países árabes. Embora a concentração de mulçumanos seja maior no Oriente Médio, existem quase 1.8 bilhão de mulçumanos em todo o mundo que consomem produtos certificados. Esta certificação tem o objetivo de garantir aos mulçumanos que o produto é livre dos elementos proibidos por Deus no Alcorão Sagrado, como carne suína e seus derivados e álcool.

Abrac – Quais são os produtos que necessitam desta certificação?

Ali Saifi – São vários os produtos/serviços que necessitam desta certificação, como: mercado de proteína animal (carnes bovinas e aves), sucos, queijos, lácteos, doces, fármacos, cosméticos, finanças islâmicas, moda, mídia, recreação, turismo, entre outros. Vale lembrar que a carne suína e seus derivados são totalmente proibidos para consumo muçulmano. 

Abrac – No dia 3 de outubro, o senhor fez uma palestra na Expo Dubai sobre Halal Sustentável. Qual a importância de levar as práticas brasileiras para uma feira mundial e como incluir a sustentabilidade neste tema?

Ali Saifi – A Expo Dubai 2020 é a maior feira mundial, após a retomada da pandemia do Covid-19. O evento se iniciou no dia 1º de outubro de 2021 e finaliza no dia 31 de março de 2022, pela primeira vez na região do Oriente Médio, África e Sul da Ásia. Serão mais de 190 países que participarão deste evento e a expectativa dos organizadores é receber mais de 25 milhões de visitantes durante os seis meses de sua realização. O Brasil participa com o pavilhão de sustentabilidade.  O mundo tem curiosidade sobre o nosso País, por produzir muito e ter diversidade, e também tem curiosidade pelos ativos ambientais, especialmente por conta da Floresta Amazônica. A participação nesta feira significa exibir os potenciais brasileiros para o mundo e, certamente, estabelecer relações comerciais com os países participantes da feira. Além do mais, não há como oferecer produtos no mercado mundial sem pensarmos na sustentabilidade. Ou seja, sustentável na parte econômica e, com certeza, na preservação do meio ambiente. Com o aumento de consumo em todo o mundo, se as indústrias não tiverem regras específicas para manter e proteger o meio ambiente, uma hora as fontes vão acabar. Todos temos uma grande importância nesta preservação e se cada um fizer a sua parte, os negócios vão evoluir sem que corra o risco de faltar abastecimento para qualquer pessoa ou país.

Abrac – Como avalia a presença da certificação halal no País e quais são as perspectivas para o próximo ano?

Ali Saifi – A certificação halal tem foco na exportação, em preparar as empresas brasileiras para o mercado internacional, especialmente, para o mercado árabe e outros consumidores que queiram adquirir produtos lícitos e permitidos. A previsão do número de mulçumanos no mundo é de três bilhões até 2030. Além disso, de acordo com dados da Africa Economic Foudation e Dinar Standard, a expectativa para o mercado halal é faturar U$ 3,2 trilhões em 2024. São números bastante expressivos. Em 2022, o mercado halal terá um aumento significativo devido a alguns fatores:

– A maioria das pessoas no mundo tem conhecimento de que um produto halal é sinônimo de qualidade e seguro para consumo;

– O Oriente Médio, Ásia Oriental e outros mercados muçulmanos têm exigido a certificação halal para importar produtos brasileiros;

– Boa parte dos muçulmanos costuma pelo menos visitar Meca, localizada no oeste da Arábia Saudita, uma vez em sua vida para realizar a peregrinação. Há quase dois anos, a visitação tem sido restrita. Com o retorno das viagens turísticas, tende a aumentar o comércio na região e, por consequência, a busca por alimentos halal;

– Acordo comercial entre os países muçulmanos e exportadores de produtos halal, fomentando este comércio;

– A Expo Dubai 2020 abrirá várias oportunidades para fomentar vários mercados halal como o de cosmético, fármaco, moda e turismo.

Fonte: Assessoria de Imprensa da Abrac